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sábado, 5 de outubro de 2013

COMUNIDADES TRADICIONAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


A entrada das Populações Tradicionais no mundo do “meio ambiente”, deu-se a partir da discussão sobre a presença humana nas Unidades de Conservação. Os países pioneiros na criação de unidades de conservação estabeleceram a tradição de que dentro das mesmas não cabia a presença da espécies humana. Porém, a situação encontrada em países em desenvolvimento, como o Brasil, que apenas há poucos anos criaram suas áreas de preservação e conservação, obrigou a examinar com maior profundidade a relação entre o homem e o meio em tais áreas, chegando-se à constatação de que realmente existem populações cuja ação é altamente benéfica para a conservação ao meio. Estas tem sido constatações empíricas e de exame “in loco”, pois ainda falta bastante pesquisa, inclusive para provar que se não fosse a presença dessa população tradicional, várias espécies não teriam sobrevivido.
As populações tradicionais, através da educação ambiental, devem ser engajadas em outras duas atividades fundamentais para a proteção do meio ambiente: o monitoramento ambiental e a fiscalização.
O novo conservacionismo ou a etnoconservação, como conceitua Diegues (2000), está baseado na construção de uma aliança entre o homem e a natureza calcada na importância de comunidades tradicionais na conservação do meio ambiente.
A falta de conhecimento específico para o manejo das unidades de conservação, a falta de pessoal especializado e a má distribuição dos recursos financeiros aliada com a falta de planejamento bem como a exclusão da comunidade local na tomada de decisões tem sido sugeridos como motivos suficientes para a ineficácia da consolidação das mesmas (BERNARDES E MARTINS, 1998).
Para Roy (1997) a hostilidade ou no mínimo desinteresse das populações do entorno em relação às unidades de conservação tem sido associada a vários fatores:
- Ao estabelecimento de proibições de determinados usos da unidade incompatíveis com a conservação dos recursos naturais e que não tem sido acompanhado de política de promoção econômica da área que compense aos habitantes as limitações resultantes da criação da unidade;
- À falta de confiança na administração das unidades;
- Às atitudes excessivamente técnicas ou pouco pedagógicas que ocorrem com frequência entre os gestores destas comunidades;
- Às dificuldades das próprias populações, em geral de baixo nível cultural, em perceber as vantagens proporcionadas pelo patrimônio de valores qualitativos inerentes às unidades de conservação, entendendo somente as limitações econômicas acarretadas pela criação da mesma;
- Ao caráter individualista e a pouca ou nenhuma consciência coletiva da população, fatores que dificultam as relações de cooperação e associação somadas à tradicional rivalidade existente entre os municípios próximos.
Segundo Leonardi (1995) o diálogo é mais do que um componente, aparentemente óbvio, no trabalho de educação ambiental, como em toda e qualquer tarefa educativa. Ele é uma concepção metodológica que fundamenta e especifica esse trabalho. Isso porque o diálogo torna possível e viável o trabalho com a diferença que, por sua vez, é pré-requisito da interdisciplinaridade. É na articulação desses três pilares básicos: diálogo, respeito a diferença e interdisciplinaridade; que se fundamenta o trabalho de educação ambiental.
Esses conceitos devem considerar as inter-relações entre as comunidades locais e as áreas naturais, marcadas pelas necessidades humanas, seus conhecimentos e valores, com os fundamentos científicos subsidiando a formação de uma atitude da comunidade diante do patrimônio natural, para que essas atitudes e valores se justifiquem, evitando a caracterização dos mesmos como dogmas vazios de significados. É necessário, portanto informar sobre as implicações ambientais das ações antrópicas e quais as alternativas menos impactantes e/ou sustentáveis (ANTUNES et al., 2001)


Bibliografia

ANTUNES, E. M.; VIEGAS, R. M.; SONODA, F.; FACHIM, E. (2001) Programa de Educação e Difusão Ambiental para a área de entorno do Parque Estadual da Serra de Ricardo Franco. Anais do II Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, p. 332-348.
__________ DIEGUES, A. C. O mito moderno da natureza intocada. Editora Hucitec. São Paulo SP. 1996.